Longe dos olhares de julgamento, admito a mim mesmo:
Eu vou lembrar-me de você. E espero que você se lembre de mim. Não porque existe
sentimento entre nós, mas porque existiu. Por causa da experiência, pelo que
vivemos, pelo o que testemunhamos da vida um do outro. Lembro-me de todos que
passaram pela minha vida antes de você e agora você é mais uma lembrança, como
eles.
Então sim, eu me lembro de tudo e isso me faz querer fazer novas lembranças. Faz-me querer conhecer novas pessoas para viver momentos e torná-los recordações. Sei da importância do que vivi, que me forjou e me trouxe aqui, mas reconheço que isso é apenas uma pequena parte, a qual não devo me prender, porque eu já sei como tudo isso termina e o que me interessa agora é o que está por vir.
Eu sei que é impossível repetir o passado, e eu também não desejo isso,
mas é bom saber que se tem um. Eu me lembro das primeiras vezes, eu me lembro da dor, lembro-me
do alívio quando ela passou. Às vezes, isso pode ajudar no presente,
contribuir para o futuro. Gosto de pensar que tudo que passou levou consigo
algo que precisava ser levado e deixou algo que precisava ficar, que precisa
ser guardado, lembrado, que faz parte da gente.
E talvez eu esteja errado, quando digo que me lembrarei de
você, talvez as lembranças que eu guardo, que eu guardarei, são as minhas, de
mim quando estava com você, de mim com quem estive antes, e serão de mim com
quem estarei e depois deixarei de estar. Recordações de como me senti e não
sinto mais, de como costumava ser. Olhando o passado, quem eu fui, e sentindo-me contente com quem me tornei.